O dia foi de despedida hoje.
Esta semana nossos corações se concentraram em fé e prece pela amiga Carol que estava internada em estado grave devido à trombose que há anos ela controlava com o uso de medicamentos. Na noite de ontem (29/04/2011) minha irmã recebeu a triste notícia. Deixei meu curso e fui buscar a Mariana na faculdade, pois ela já não tinha mais autocontrole para se manter na faculdade diante de tais circunstancias. Ela saiu acompanhada e consolada pela amiga Camila.
A Carol era uma garota de Araçoiaba da Serra que minha irmã conheceu em 2007 no curso de agropecuária da Escola Técnica Estadual de Itu. Elas estudaram, estagiaram e dividiram o mesmo quarto durante dois anos naquela escola. Foi suficiente para se conhecerem, divertirem, brincarem, sorrirem, brigarem também, amarem, trocarem experiências, intimidades... Tudo exatamente como se fossem duas irmãs. Foi quase o que se tornaram, não fosse o critério sanguíneo. Como se não bastasse, ainda tiveram a maior oportunidade de suas vidas, juntas. Foram contratadas em 2009 por uma fazenda no Moçambique-África, na cidade de Xai-xai onde trabalharam todo o primeiro semestre daquele ano. E lá foram elas. Possivelmente uma encorajava a outra nesta grande aventura em terras e povos distantes e desconhecidos. De lá, por MSN era lindo quando juntas cantavam para as mães:
“Eu sei que ela
Nunca compreendeu
Os meus motivos
De sair de lá
Mas ela sabe
Que depois que cresce
O filho vira passarinho
E quer voar...”
Nunca compreendeu
Os meus motivos
De sair de lá
Mas ela sabe
Que depois que cresce
O filho vira passarinho
E quer voar...”
A Carol era uma excelente cantora!
Certo. Não fui eu quem viveu com a Carol, estudei dois anos, dividi o mesmo espaço e nem cruzei o oceano Atlântico com ela. Mas a Carol fez parte da vida de minha irmã e, consequentemente, da vida de nossa família.
Hoje ouvi a Mariana dizer várias vezes que uma parte dela morreu junto com a Carol. Mesmo a morte me faz pensar em vida. É o jeito ALBUKA de ser. E eu acredito que a Má também vai entender que, não uma parte dela morreu com a Carol. Mas uma parte da Carol estará para sempre viva e pulsando dentro dela.
Obrigado, Carol. Por ter proporcionado dias felizes e inesquecíveis na vida de minha irmã. Muita luz.
Moçambique-África/2009 - "Marol & Cariana"
“Hoje, de algum lugar longe destas terras há um doce olhar só para você. Um olhar especial, de alguém especial de distantes origens. Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida. Que sorri só porque ama plenamente, sem julgamentos, preconceitos, nem prisões.”
“Hoje como ontem, longe destes céus, há um olhar encantado só para você. Nesse olhar vai para você a magia da luz, a simplicidade do perdão, a força para comungar à esperança de dias mais radiantes de paz.”
“Hoje de algum lugar dentro de você, alguém que já o amou muito e ainda o ama diz para você que valeu a pena ter estado nestas terras, sob estes céus falando de união, paz, amor e perdão. Poder sentir a força que faz você sorrir e continuar o caminho que um dia aquele doce olhar iniciou para você. Tudo isso só para você saber que a vida continua, e a morte é uma viagem.”
(cena final da novela A Viagem de Ivani Ribeiro – 1994)